Caos, o sincretismo dos Aeons
Ex autoritate leges
Faze o que tu queres há de ser tudo da lei
Atualmente, de acordo com o exame de uma enciclopédia, há aproximadamente 9.900 religiões sendo professadas pelo mundo. Estima-se que 70% da humanidade seja de prosélitos das quatro religiões principais- hinduísmo, budismo, islamismo e cristianismo – e ainda cresce o número. A conclusão é óbvia. A humanidade esta dividida pela religião que, como o nome mesmo evoca, deveria unir e não separar as pessoas. Se um profeta diz ” escolhei a quem servireis” outro profeta afronta com “Faze o que tu queres há de ser tudo da Lei”, mas o que faz realmente a diferença?
Vejamos…
O formalismo religioso, sobretudo nominal, de fórmula e tabelamento que chegou ao auge com o desenvolvimento exagerado do rabinismo, prolixamente suporta o psicodrama de que somente compete a regra cultual ligada ao seu deus e ao regulamento de seu sistema. É uma increpação herética qualquer modo de ver, opinar e agir que não o ordenado pela maneira “iniludível” de sua óptica. Tal religiosidade desdenha, com excesso de comedimento, o reconhecimento de que muitos dogmas e fatores aparentemente desconexos estão estreitamente interligados, não importando a denominação, e evoca que batizando-se, benzendo-se, rezando, fazendo procissões, tendo nichos, inclinando-se perante altares, conforme o Modus Faciendi, cria-se o verdeiro caminho para a distinção que liga o homem ao Reino de Deus.
Ao contrario, na pessoa de Helena Petrovina Blasvastky, uma russa ambiciosa por conhecimento que nasceu no ano de 1831 e viveu até o ano de 1875, as religiões tiveram um sincretismo com a criação da Sociedade Teosófica. A teosofia ensina que todas as religiões têm verdades e princípios comuns. Isto também revelou o ensino panteísta onde deus é essência em tudo, até mesmo nas coisas ditas “oposta e malignas”. Mas o maior feito que o movimento de H.P Blasvastky realizou, sem dúvida fora a reinterpretação teosófica onde essa essência não é aquela pessoa da Trindade encontrada em várias religiões mas a fonte única de energia cósmica de onde emanaram as demais coisas existentes. Outros assuntos como, p.ex., o problema antigo do pecado e o que dizem sobre a salvação, a senhora Blasvastky tratou como um problema de ignorância. Na medida em que o homem evoluir ruamo á sua divindade, estará atingindo o seu estado de liberdade e perfeição. Com isso percebemos que a repressão, muito encontrada nas religiões, quando não é malbaratada em coibir as aspirações legítimas e compatíveis com a Vontade, está, de tal finalidade, em condição benéfica de recalcar as motivações insensatas e, portanto, inexequíveis que de forma descabida alimentamos. É nesse senso que a Liberdade é uma Regra exata que somente através da santa Ciência e Arte podemos compreender.
A gnose, cujo nome grego significa Conhecimento, com apelo ás tradições mais antigas da humanidade, penetrando alguns mistérios, apresenta-se com a mesma intenção de uma ciência de deus, isto é, uma ciência que seja a base de todas as religiões. Pode-se supôr que a Gnose é uma conjunção, as vezes assaz ilógica, de ideias e símbolos extraídos do Egito assim como da Judéia, de Jesus, de Krishna, etc. Mas a principal condição da Gnose é a unidade dos dogmas que, segundo os gnósticos, contém o segredo do universo, o segredo da evolução. É assim que em Catecismo Gnóstico, publicado por Sofrônio, a Gnose é ensinada e inspirada para assegurar a iluminação divina através dos códigos e fórmulas religiosas.
Encontraremos essa ‘unidade do dogma’ em ensinamentos tradicionais, como o célebre Poemander atribuído a autoria de Hermes Trismegisto, na ficção dos poemas de Homero sobre a iniciação helênica, no ensinamento essencialmente laico de Pitágoras, na fábula de Eleusis com os mistérios de AGRA, no influxo do espírito que vivifica professado por Jesus, o Cristo e muitos outros que destacam a aversão pelos prazeres materiais que causam o rebaixamento da Inteligência e que enaltecem o auto-conhecimento como o caminho da evolução. É o que Pimandro expremi ao seu discípulo: ” É preciso rasgar esta roupa que trazes, esta vestimenta da ignorância, obscurecendo-te o que parece claro, mergulhando-te na matéria, enervando-te em volúpias infames, a fim de que não possas entender o que deves entender e ver o que deves ver.”
De forma análoga, muitos ocultista, usando a religião ou penetrando na própria ciência em busca de respostas para as grandes questões da vida, têm formado uma verdadeira ciranda mística, misturando filosofias orientais com cientismo, percepção cristológica com outras doutrinas e religiões, como um grande guarda-chuva, que sob si, abriga até os enfoques contraditórios da humanidade. Uma obra muito comentada sobre isso é o Liber Pennae Praenumbra, onde a autora Soror Nema afirma que os aeons ocorrem ao mesmo tempo. O que sobreveio á lei do tempo passado é, segundo a Soror, um eon com a nossa cara, ou seja, com a Lei que atende a Vontade latente de cada um de nós, não uma nova verdade única para confrontar outros caminhos, assim criando a possibilidade de reinterpretações das leis antigas. O conceito caótico, ou caoticista como preferiu Nema, ao contrário do que pode-se supôr, não é um sistema para atender a nossa desordem mas uma demonstração, ou tentativa, de que existe harmonia no somatório de nossos meios de atingir o Fim. O presente eon é um código de origem, uma regra sã nascida da união dos opostos.
Eis o que faz realmente a diferença!
O direito de concluirmos com experiência buscando a consecução em qualquer parte em liberdade. Portanto, com uma variedade de crenças e métodos e sistemas, não precisamos que outrem faça as mesmas escolhas que nós para estar no “caminho correto” ou ao contrario. Como diria um irmão ‘nenhum, um e todo indivídua está certo’. Para resumir, deixo aquela solene paravra do Leber Leges 1, 56 : ” Todas as palavras são sagradas e todos profetas verdadeiros; salvo somente que eles entendam um pouco.”
Amor é a lei, amor sob vontade
“É preciso rasgar esta roupa que trazes, esta vestimenta da ignorância, obscurecendo-te o que parece claro, mergulhando-te na matéria, enervando-te em volúpias infames, a fim de que não possas entender o que deves entender e ver o que deves ver.”